terça-feira, 7 de agosto de 2012

Proposta do GEAC para o GT

A fim de colaborar com (e subsidiar o) debate no Grupo de Trabalho sobre o regime didático e avaliativo do PPGAS, os colegas do GEAC (Grupo de Estudos em Antropologia Crítica) levantaram algumas propostas e solicitaram a nós, representantes, que as divulgassem para conhecimento geral. Agradecemos ao trabalho dos colegas e reproduzimos abaixo a sua minuta propositiva! As propostas levantadas na reunião ampliada do Grupo de Estudos em Antropolgia Crítica se articulam em torno duas demandas essenciais: "Impensar a antropologia" e "abrir o currículo": Impensar a antropologia: 1) No contexto das cadeiras de teoria I e II, destinar pelo menos um bloco de leituras à reflexão sobre o desenvolvimento teórico da antropologia brasileira. 2) Garantir espaço entre as leituras complementares de todos os encontros das cadeiras de teoria para comentadores que deem conta da recepção dos paradigmas eurocentrados nas antropologias latino-americanas. 3) Nas cadeiras obrigatórias, propomos a divisão da tarefa de explanação entre professores e alunos, limitando parcialmente o uso do sistema de seminários como prática pedagógica. Entendemos que uma articulação mais equilibrada entre explanação sistemática do docente e discussão baseada em seminários organizados pelos estudantes tem o potencial de enriquecer o debate conceitual e, portanto, de refinar a apropriação das ferramentas críticas entre os estudantes. Abrir o currículo: 4) Preconizar uma organização curricular e umas práticas de ensino que permitam visibilizar, positivar e incentivar a diversidade de trajetórias acadêmicas e disciplinares que, na prática, configuram o PPGAS como um espaço interdisciplinar. 5) Tendo em vista a nova estrutura de currículo que será proposta no tópico "6", sugerimos que é imprescindível substituir a disciplina obrigatória de Métodos por uma disciplina eletiva organizada de acordo com o formato "oficina" e destinada ao aprendizado e operacionalização das técnicas de pesquisa qualitativa. 6) Apresentamos, esquematicamente, uma estrutura curricular que, de acordo com o discutido na reunião ampliada do Grupo de Estudos em Antrpologia Crítica, preconiza a real abertura do currículo. Se bem nossa proposta de grade curricular não contempla a interdisciplinaridade, ela abre espaço para o diálogo com as disciplinas de outros programas uma vez que garante um manejo mais autônomo dos tempos associados ao processo de formação. Sugerimos que a atual estrutura de currículo do PPGAS deixa pouca margem para o livre desenvolvimento das potencialidades múltiplas associadas ao fazer antropológico, dificultando em certa medida, a emergência de pesquisas empíricas ancoradas nas premissas de interlocução intensiva e sistemática, engajamento político (que, nas palavras de Terry Turner, mais além de ser imperativo ético, constitui poderosa ferramenta epistemológica), deslocamento espacial associado à integração participativa nos espaços sociais estudados, etc. Os percalços para a abertura do currículo decorrem, sem dúvidas, do exíguo tempo conferido -- fundamentalmente no Mestrado -- ao trabalho de campo e à redação da dissertação, ambas experiências imprescindíveis na formação do antropólogo e, por isso mesmo, exigidas em qualquer instituição acadêmica onde desenvolvamos, futuramente, nossas atividades como pesquisadores e/ou docentes. Apesar das corriqueiras alegações que enfatizam o desaparecimento progressivo ou o encurtamento dos cursos de mestrado, o fato é que estes seguem vigentes na maioria dos programas de pós-graduação em antropologia do país e consistem em uma das vias principais de incorporação dos estudantes ao campo antropológico nacional. Daí a necessidade de garantir que quem se encontre nesta etapa de formação tenha contato com as práticas elementares -- pesquisa de campo e exercício sistemático da construção narrativa em suas diversas manifestações -- que singularizam o trabalho do antropólogo. Entendemos que a disposição das cadeiras no formato abaixo apresentado aponta no sentido da revalorização do trabalho de campo e da tarefa reflexiva necessária ao desenvolvimento de um acurado processo de escrita. O aspecto central de nossa proposta é a substituição da disciplina de Métodos por uma banca de qualificação com valor de quatro créditos. Também propomos a criação de uma nova cadeira ("Campo") em formato flexível. PROPOSTA DE CURRÍCULO: MESTRADO - Primeiro semestre: Teoria I/obrigatória (4 créditos), eletiva (4 créditos), eletiva (4 créditos) - Segundo semestre: Teoria II/obrigatória (4 créditos), eletiva (4 créditos), eletiva (4 créditos), banca de qualificação/atividade de caráter obrigatório (4 créditos) - Terceiro semestre: Campo/obrigatória - cadeira de caráter flexível (4 créditos) - Quartro semestre: tempo para escrita da dissertação Observações sobre as atividades curriculares propostas: - Sobre a qualificação: a escolha da banca fica a critério do estudante e do seu orientador. - Sobre o projeto: não deve conter mais de 15 páginas, incluindo bibliografia. - Sobre o processo de escrita do projeto: depende da dinâmica de orientação acordada entre professor orientador e estudante. - Sobre os critérios de avaliação da cadeira "Campo": o conceito será emitido pelo orientador com base na apresentação, por parte do estudante, de produtos decorrentes do trabalho de campo. Tais "produtos" podem ser retornados sob a forma de capítulos, relatórios de campo, relatos da experiência empírica nas reuniões dos núcleos, etc. Esta estrutura de retorno traz como benefício o favorecimento da atividade dos núcleos e o enriquecimento do seu debate interno.

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